Quando não são as mãos certas...

É terrível quando não são as mãos certas e percebemos isso um pouco tarde, porque não quisemos ver. Péssimo. Porque uma vez constatado nunca mais nos larga, sabemos então que, também não será a pele certa, a voz certa, tão pouco o aroma certo e muito menos o sabor. Poderíamos voltar atrás mas não seria muito honesto, mas permanecer, infelizmente não o é muito mais, porque sabemos que sim...sabemos que mesmo que seja bom, ainda que tivesse sido muito bom, está tudo lixado! Que o coração não palpita, que não faz sentido nenhum, que balbuciamos sabe-se lá que palavras com intuito de fingir. No entanto deveríamos saber, e sabemos que tudo isso é em vão, que só tem como finalidade aviltar a coisa, manchar os lençóis e a alma e que não se poderá retirar nada de válido, nem a mínima experiência. Há no entanto algum consolo porque acreditamos que graças a isso, tivemos a certeza que foi um erro e como, senão provando para termos a certeza? Pois mas sabemos de antemão que não vale a pena tentar o diabo, que não iria funcionar e muito menos mudar alguma coisa. Só nos sentimos um pouco miserável. É de se perguntar o que significa o amor que sentimos pelo outro, se aquilo que lhe oferecemos, podemos oferece-lo a qualquer um. E é verdade que aquilo que temos podemos concede-lo a todos mesmo que finamente seleccionados...e é precisamente por isso que não o deveríamos fazer. Que o amor é isso e nada mais, é precisamente darmos algo que os outros não podem ter ainda que mendigado com lágrimas ou arrebatamento. Podemos então abraça-los, beijá-los, afaga-los mas nada mais...porque há aqueles que desejamos cobrir de beijos, aqueles que têm as mãos certas, a voz certa, a pele certa e o cheiro...e outros não...irreversivelmente não.